Tempos muito difíceis esses. Muitos amigos, poetas, escritores, nos deixando. Hoje, mais uma triste notícia me chega: a morte de LINA TÂMEGA PEIXOTO. Lina era uma das nossas maiores poetas, cuja discrição silenciosa impediu que seu nome e sua poesia tivessem o reconhecimento merecido. Recordo aqui, como minha homenagem simples, o que lhe escrevi, quando recebi seu livro, "ENTRE DESERTOS", em 2017: "Acabei de ler e reler o seu belo "Entre Desertos". Não sei lhe dizer o que mais me encantou: se a tessitura harmoniosa entre as palavras, que motiva um ritmo compassado e pleno de leveza entre os versos - como música de câmara -; se a escolha das palavras em si - nunca aleatórias - nitidamente pensadas para que cada uma delas ocupe o lugar ideal nesse enredo urdido, delicadamente, para flores e pássaros dançarem entre seus desertos. O uso inteligente das metáforas, inversões, metonímias; das palavras como um totem ontológico radical; desta íntima "respiração" entre elas; desse silêncio loquaz que capta a memória e o vazio das coisas, e, ao mesmo tempo, o seu barulho - são de uma sensibilidade rara em nossa poesia. Desde há muito, uma das nossas melhores vozes que merece ser alçada ao voo que a memória da consciência nacional tanto necessita." Que sua poesia voe sobre nós, tão necessitados, de afeto, delicadeza e carinho. Obrigado, minha poeta, por nos ter dedicado um pouco de sua alma, na beleza eterna de sua poesia. Descanse em paz. Do seu leitor, Tanussi Cardoso.
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